Monday, October 17, 2005

 

Do Pisca ao Peixe...

O pisca é uma lâmpada muito boa que infelizmente só nos apercebemos dela muito tarde na nossa vida. Sim, porque se a conhecêssemos mais cedo quando tínhamos 4 ou 5 anos, sempre podíamos responder às nossas mães “brincar com o interruptor não estraga a luz! O papá está sempre a fazer isso no carro!”… bom, admito que não fazia com que pudéssemos continuar a brincar com o interruptor, mas pelo menos a resposta livrava-nos do enxerto de porrada que íamos levar. Isso porque os adultos, por alguma razão, acham muita piada aos miúdos quando têm respostas inteligentes (no entanto acham perfeitamente banal e trivial o facto de ele ter acabado o Tomb Raider III em 2 dias) ou quando eles dizem asneiras. Aliás, eu sou a favor de haver um guia para putos de quando é seguro dizer asneiras. Por exemplo, até começar a conseguir falar coerentemente, o puto pode até dizer “Caralho Foda-se p’à Puta que Pariu aquela Merda!” que isso tem imensa piada, embora se disser o mesmo depois dessa idade habilita-se a ficar com a marca da aliança do pai na cara durante uma semana. Outra altura bastante segura é quando está numa festa em que os pais e tios estão com uma alta ramada que já nem se levantam. Aí, para além do puto poder dizer asneiras e terem mais sucesso que as piadas do Fernando Rocha (o que não é difícil), é também aconselhável que já tenha aprendido a rezar para conseguir chegar a casa sem o pai se enfaixar nos carros estacionados que, por alguma razão que só o pai conhece, estavam a vir em contra-mão. Outra altura em que os putos podem aliviar o seu calão é quando o papá ou a mamã o dizem durante uma conversa, utilizando primeiramente a frase “haaaaa! Disseste ….!” e pimba, mais um palavrão para a mesa sem consequências graves! O mesmo sucede com a resposta inteligente, quando é dada em uma altura em que o procriador está de mau humor, o efeito pode ser pior do que ter estado calado. Ora, como diz o ditado “um gesto vale mais do que mil palavras”, assim por vezes, quando se faz merda, é mesmo melhor ficar calado e utilizar um gesto qualquer, sendo o mais aconselhável o de esticar o dedo indicador para o animal mais próximo. Na lista de animais está incluído o cão, o gato, o pássaro que se soltou da gaiola – e culpar a liberdade do pássaro no gato –, o hamster ou o irmão mais novo que ainda não fala e por isso não se pode defender, e quando puder também já não se lembra (agradeça-se à natureza por isso). Um animal a não incluir na lista é o peixe, pois ninguém acredita que ele consiga sobreviver fora de água. Eu digo “não acredita” porque eu acredito sim senhor! Senão, sigam o meu raciocínio. Quando é que um homem abre e fecha a boca para respirar? Só quando está a afogar-se e isso exactamente porque não consegue respirar debaixo de água! No entanto fica feliz quando alguém o resgata, principalmente quando são mulheres tipo aquelas do Baywatch, mas felizmente os actores tinham a água fria do mar para os ajudar a disfarçar. E o que é que um homem faz quando está feliz? Dá saltos de alegria! Ora, quando tiramos um peixe de fora de água, é exactamente isso que ele faz. No entanto depois nós vamos e pimba! Batemos-lhe com paus até ele morrer. Um peixe! Um ser vivo que tem uma estrutura física tão boa que consegue aguentar um afogamento uma vida inteira e quando alguém finalmente o salva e ele festeja, leva porrada! Vamos mas é ver se todos nos tornamos mais amigos dos animais e os tratamos melhor... porque se eles não existissem, nós levávamos dez vezes mais tareias. Aliás, há que ver que, ao contrário dos irmãos mais novos que eventualmente aprendem a falar, os cães e gatos nunca perdem o prazo de validade!

Tuesday, October 04, 2005

 

A espera está incluída na consulta?

Ontem fui ao médico... tinha a consulta marcada para as 12h... e às 12h30 estava ainda sentado na sala de espera. O que me fez pensar (algo raro na minha pessoa, mas que eventualmente acontece com o risco de queimar os poucos neurónios que tenho) que se era eu que estava a pagar a consulta, porque é que era eu que tinha que esperar? É que se for eu a chegar atrasado, perco a vez e ainda tenho que pagar a consulta na mesma, e ainda dizem “ah, se não veio tem que pagar na mesma porque está a ocupar a vez de outra pessoa.”... MAS QUE OUTRA PESSOA??? Será que ainda não repararam que as consultas médicas é a versão calendário escolar de um autocarro em hora de ponta?! Já não dá para meter mais ninguém! Aquilo está a rebentar pelas costuras! Quando muito, eu ajudei a que a próxima pessoa fosse atendida um pouco mais cedo do que aquele tempo todo que estava condenada a esperar para além da hora marcada. Não admira que eles encham as salas de espera cheias de revistas Maria, Nova Gente e, com sorte, A Bola com a reportagem sobre o novo treinador do FCP chamado José Mourinho. Pena é estarem sempre desactualizadas. Porque quando estamos a apanhar valente seca à espera da consulta, olhar para o tecto começa a parecer algo muito fascinante comparado com a notícia de que o “Zé Maria ganhou o Big Brother”.

Mas já imaginaram o que seria do mundo se todos funcionassem como os médicos? Chegávamos todos atrasados ao trabalho e eramos pagos pelas horas que ficamos a dormir em casa. E o chefe tinha que pagar, porque estava a ocupar horas de sono que podiam ser gastas num segundo trabalho a part-time! O noticiário televisivo começava com uma cadeira vazia, e nós tinhamos que gramar o tempo de antena em que ficavamos a ver pessoas a passar em background e a discutir as notícias do próximo bloco noticioso (ou pelo menos é isso que gostamos de pensar que eles estão a fazer) enquanto o pivôt não chegava! Os funcionários públicos chegavam tarde e atendiam as pessoas quando lhes apetecesse... peraí, eles já fazem isso... hmm... tenho que me lembrar de perguntar ao próximo funcionário público onde é que ele tirou o curso de medicina.

No entanto, não chega eles atenderem-nos atrasados, ainda nos passam receitas de rabiscos. Já repararam que todos os médicos têm uma caligrafia estranha? Suponho que deve ser uma das cadeiras que têm na faculdade: Caligrafia Receitual. Certo dia tive que ir à caixa buscar um P1 (o que quer que isso seja) de umas análises, que um médico privado me tinha pedido, para as poder fazer. E depois de andar para cima e para baixo, de ser mandado daqui para ali e para aqui outra vez, finalmente lá tive que marcar uma consulta para uma médica para que me passasse (a limpo, talvez) uma receita que eu já tinha de outro médico mas que precisava de um ser imprimada a computador para se chamar de P1. Mas o problema era que ela não me conseguia passar a receita porque não percebia um dos pedidos de análise que o outro médico tinha feito. O que me fez logo pensar “SÓ UM???” ...e logo depois “mas então que tipo de prova oral fizeste para passar à cadeira?”

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